IAPE avança para semifinal da Copa do Brasil Sub-20 com gol de Kerllon contra Novorizontino


Na noite de a segunda partida das quartas de final da Copa do Brasil Sub-20, o IAPE conquistou um dos maiores feitos da história do futebol de base do Maranhão. Vencendo por 1 a 0 no Estádio Castelão, em São Luís, o time maranhense garantiu vaga nas semifinais da competição nacional, superando o Novorizontino após empate de 1 a 1 no jogo de ida. O gol da vitória foi marcado por Kerllon, que converteu um pênalti nos acréscimos do segundo tempo, após falta do volante LG do adversário sobre Iago. A conquista é histórica: pela primeira vez, um clube do Maranhão chega às semifinais de uma competição nacional de base.

Um gol que mudou a história do futebol maranhense

Com o placar empatado em 1 a 1 desde o jogo de ida, o clima no Castelão era de tensão. O Novorizontino, campeão do Paulistão Sub-20 em 2024, chegava como favorito — mas não teve precisão. O IAPE, por outro lado, jogava com o peso da expectativa de um estado que nunca havia ido tão longe. O gol veio aos 47 minutos do segundo tempo, quando LG, em desespero, derrubou Iago dentro da área. Kerllon, o mesmo que havia empatado no jogo anterior, não hesitou. Bateu com força, no meio do gol, e o goleiro Gustavo Hobold não teve chance. O estádio explodiu. Torcedores em camisas azuis e brancas choraram, abraçaram, gritaram. Era mais que um gol. Era a confirmação de que o futebol do Maranhão pode competir no topo do país.

Equilíbrio total nos dois jogos

O primeiro confronto, disputado em Novo Horizonte, em 12 de novembro, foi um jogo de ida equilibrado. O atacante argentino Matias Luduena abriu o placar para o Novorizontino aos 20 minutos do primeiro tempo, com um chute de fora da área que desviou na defesa. O empate veio aos 31 do segundo tempo, quando Kerllon, de pênalti, igualou. O técnico Jean Rodrigues admitiu depois: “Poderíamos ter vencido por 3 a 0, mas não jogamos bem. A realidade é que o IAPE mereceu estar aqui.”

No jogo de volta, o Novorizontino dominou a posse de bola, mas sem eficiência. Pedro Balotelli quase marcou com um chute da intermediária que explodiu na trave. O goleiro Gustavo Hobold fez defesas cruciais, inclusive em um chute de bicicleta do IAPE. O técnico Eloir, por sua vez, fez ajustes táticos no segundo tempo: entrou Miguel Contiero, aumentou a pressão, e o time maranhense passou a controlar o ritmo. O pênalti foi o ponto de virada — e também o reflexo da disciplina defensiva do IAPE, que sofreu apenas dois pênaltis em toda a campanha.

Um caminho inédito para o IAPE

Um caminho inédito para o IAPE

Antes de chegar às quartas, o IAPE classificou-se em quarto lugar entre os oito times, enquanto o Novorizontino foi quinto — o que deu ao time maranhense o direito de jogar a partida de volta em casa. Isso foi essencial. O apoio da torcida, a familiaridade com o gramado, a altitude e até o clima úmido de São Luís pesaram. O Novorizontino, que eliminou Coritiba e Operário de Ponta Grossa em jogos difíceis, não conseguiu adaptar-se. Já o IAPE, formado por jogadores da base local e com pouca experiência em competições nacionais, jogou com liberdade e coragem.

Este é o primeiro acesso de um time do Maranhão às semifinais da Copa do Brasil Sub-20 desde sua criação, em 2015. Antes disso, o melhor desempenho do estado foi nas oitavas, em 2022, com o Sampaio Corrêa. Agora, o IAPE superou isso. E fez isso contra um time campeão estadual, com estrutura profissional e reconhecimento nacional.

O que vem a seguir? Semifinal contra o América-MG

Na próxima fase, o IAPE enfrentará o América-MG, que passou pelo Paysandu também nos pênaltis, na mesma noite de 19 de novembro. A outra semifinal será entre São Paulo e Atlético Mineiro. O jogo de ida da semifinal já tem data: 26 de novembro, em Belo Horizonte. O retorno será em São Luís, em 3 de dezembro. O técnico Eloir já começou a analisar vídeos do América-MG. “Eles são mais técnicos, mais rápidos. Mas não temos medo. Estamos aqui por mérito”, disse.

Já o Novorizontino, que encerrou sua campanha, voltará o foco para a Copa São Paulo de Futebol Júnior, que começa em janeiro de 2026. A diretoria já anunciou que manterá a base intacta para o torneio, com o objetivo de conquistar o título nacional em 2026.

Um marco para o futebol do Nordeste

Um marco para o futebol do Nordeste

O IAPE não só fez história — fez história em um estado onde o futebol de base é subfinanciado, com poucos investimentos em estrutura e visibilidade. O jogo de volta foi transmitido ao vivo pela IAPE TV no YouTube, com mais de 40 mil espectadores simultâneos. Um número inédito para uma equipe do Maranhão. “Isso mostra que o torcedor quer ver o seu time jogar. Só precisamos dar a ele chance”, afirmou o presidente do clube, em entrevista pós-jogo.

Agora, o desafio é manter o elenco. Vários jogadores já receberam propostas de clubes da Série A e B. Se o IAPE perder os principais nomes, o feito poderá ser apenas um momento de glória — e não o começo de uma nova era. Mas por enquanto, o que vale é celebrar. Porque, em São Luís, o futebol de base não é mais um sonho. É realidade.

Frequently Asked Questions

Como o IAPE conseguiu avançar se o placar agregado foi 2 a 2?

O IAPE avançou porque venceu o jogo de volta por 1 a 0, mesmo com o placar agregado empatado em 2 a 2. Na regra da Copa do Brasil Sub-20, em caso de empate no agregado, o time que venceu a partida de volta avança diretamente — sem necessidade de disputa por pênaltis. Isso foi decisivo, já que o Novorizontino empatou em casa, mas perdeu fora.

Quem é Kerllon e por que ele é tão importante para o IAPE?

Kerllon, de 18 anos, é o principal atacante do IAPE e artilheiro da campanha com 5 gols. Natural de São Luís, ele veio da base local e foi promovido em 2024. Converteu os dois gols decisivos da equipe nas quartas: o empate na ida e o gol da vitória na volta. É o jogador mais citado pela torcida e já é alvo de olheiros de clubes como São Paulo e Flamengo.

Por que o jogo de volta foi no Castelão e não em Novo Horizonte?

O IAPE jogou em casa na segunda partida porque terminou a fase de classificação em 4º lugar, enquanto o Novorizontino ficou em 5º. A regra da competição dá o mandato da partida de volta ao time que tiver melhor campanha na fase anterior. Isso foi crucial: o apoio da torcida maranhense e a familiaridade com o gramado ajudaram o IAPE a manter a calma no momento decisivo.

Qual é o impacto desse feito para o futebol do Maranhão?

É o maior avanço histórico do futebol de base do estado. Antes, o melhor resultado foi nas oitavas, em 2022. Agora, o IAPE abre caminho para mais investimentos, patrocínios e visibilidade. Já houve aumento de 300% nas inscrições nas categorias de base do clube desde a classificação. O governo estadual anunciou que vai revisar o programa de futebol juvenil, com foco em infraestrutura e formação.

O que o América-MG representa como adversário nas semifinais?

O América-MG é um dos clubes mais estruturados da categoria no Brasil, com centro de treinamento de alto nível e quase 20 jogadores convocados para seleções brasileiras sub-20 nos últimos dois anos. Tem atletas com experiência em torneios internacionais. Mas o IAPE não é um time fraco: jogou com organização, pressão e eficiência. A diferença será na experiência — e na capacidade de manter a calma em Belo Horizonte.

O IAPE tem chance de vencer a Copa do Brasil Sub-20?

É possível, sim. Mesmo sendo um time de fora do eixo tradicional, o IAPE mostrou que pode vencer contra rivais mais fortes. O elenco tem coesão, o técnico Eloir é experiente e o time joga com coração. Se conseguirem manter os principais jogadores e se adaptarem ao ritmo das semifinais, não estão fora da disputa. O futebol tem suas surpresas — e agora, o Maranhão está no meio delas.