Roseana Sarney mostra cabeça raspada em novo estágio do tratamento contra câncer de mama


Com a cabeça raspada e um sorriso sereno, a deputada federal Roseana Sarney compartilhou na sexta-feira, 19 de setembro de 2025, uma foto que tocou milhões: ela, sem cabelos, mas com a fé intacta. "Pronta para mais uma etapa com fé em Deus que tudo dará certo. Conto com as vibrações positivas de todos vocês", escreveu ela na legenda — uma frase simples, mas carregada de força. A imagem, publicada nas redes sociais, não era apenas um registro pessoal. Era um grito de esperança em pleno Outubro Rosa, quando o Brasil se mobiliza contra o câncer de mama triplo negativo, um dos tipos mais agressivos da doença.

Uma luta que começou há mais de cinco décadas

Roseana Muniz Sarney, de 72 anos, filha do ex-presidente José Sarney, não está enfrentando seu primeiro câncer. Na verdade, sua vida é um testemunho de resiliência. Desde os 19 anos, já passou por 23 cirurgias relacionadas a tumores — benignos e malignos. Em 1998, foi submetida a uma operação de oito horas que incluiu a remoção de um nódulo no pulmão, um tumor na mama, uma histerectomia e a retirada de nódulos intestinais. Em 2002, teve que remover tumores de ambas as mamas. E agora, em 2025, ela volta ao centro da batalha com um diagnóstico ainda mais desafiador: o câncer de mama triplo negativo, que não responde aos tratamentos hormonais tradicionais e exige quimioterapia agressiva.

Do diagnóstico à quimioterapia: um cronograma de coragem

Em agosto de 2025, Roseana revelou o diagnóstico em um vídeo no Instagram, com a voz trêmula mas clara: "Eu vim aqui hoje para dizer para vocês que, inesperadamente, eu fiz um exame e deu no exame que eu estou com 'ca' de mama." Ela explicou que, segundo a equipe médica, a cirurgia viria depois da quimioterapia — uma abordagem incomum para muitos pacientes, mas necessária para reduzir o tumor antes da operação. "Vou começar a quimioterapia essa semana. Conto com vocês, com as orações...", disse, pedindo apoio, não pena.

Nos meses seguintes, ela manteve uma transparência rara entre políticos: documentou cada sessão. Na 11ª quimioterapia, em novembro, relatou uma reação alérgica intensa: "Nunca imaginei uma coceira incomodar tanto." A dor física era só parte da batalha. A ansiedade, o cansaço, a perda da identidade com a perda dos cabelos — tudo foi exposto. E isso fez a diferença. Com 1,2 milhão de seguidores no Instagram, ela transformou sua jornada em um manual de sobrevivência emocional.

Por que sua voz importa — e como ela mudou o discurso sobre câncer

Por que sua voz importa — e como ela mudou o discurso sobre câncer

Estudos mostram que quando figuras públicas falam abertamente sobre câncer, o engajamento nas redes cresce exponencialmente. Em campanhas de Outubro Rosa, celebridades como Val e Damares respondem por 36% de toda a interação online sobre o tema. Roseana, com seu perfil de política experiente e mãe de família, trouxe um tom diferente: sem dramatização, sem marketing. Apenas realidade.

Ela também reforçou uma verdade médica crucial: "Quanto mais cedo o tumor for descoberto, maiores as chances de cura." Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de cura do câncer de mama no Brasil pode chegar a 95% se diagnosticado em estágio inicial. Mas quando o tumor já está avançado, essa taxa cai para entre 40% e 80% — dependendo da extensão da disseminação. O Maranhão, seu estado de origem, tem índices de detecção tardia acima da média nacional. Sua voz, portanto, não é só pessoal — é preventiva.

O legado de uma mulher que não se cala

O legado de uma mulher que não se cala

Roseana Sarney não é apenas uma política. É uma sobrevivente. E sua decisão de compartilhar cada momento — desde a coceira da reação alérgica até a cabeça raspada — desafia o tabu de que doenças graves devem ser escondidas. Ela não pede simpatia. Ela pede atenção. Atenção às mulheres que não fazem exames por medo. Atenção aos sistemas de saúde que não chegam às regiões mais remotas. Atenção ao fato de que, mesmo com toda a tecnologia, o maior aliado contra o câncer ainda é a detecção precoce.

No mesmo dia em que publicou a foto com a cabeça raspada, ela respondeu a um seguidor: "Se eu posso ajudar uma só pessoa a fazer o exame, já valeu tudo." E isso, talvez, seja o maior legado que ela pode deixar: não de poder, mas de coragem.

Frequently Asked Questions

O que é câncer de mama triplo negativo e por que é mais difícil de tratar?

O câncer de mama triplo negativo é um subtipo agressivo que não expressa receptores de estrogênio, progesterona nem a proteína HER2 — os alvos mais comuns dos tratamentos hormonais e biológicos. Por isso, a quimioterapia é a principal arma, e os efeitos colaterais costumam ser mais intensos. A taxa de recorrência nos primeiros anos também é maior, exigindo acompanhamento rigoroso. Apenas 10% a 15% dos casos de câncer de mama são desse tipo, mas respondem mal aos tratamentos convencionais.

Como a experiência de Roseana Sarney pode ajudar outras mulheres?

Ao mostrar sua jornada sem filtros, Roseana desmistifica o tratamento do câncer e combate o medo da busca por ajuda. Mulheres que acham que "não é para elas" ou que "vão perder a dignidade" durante a quimioterapia se veem refletidas em sua coragem. Estudos indicam que relatos como o dela aumentam em até 40% a procura por mamografias em regiões onde figuras públicas falam abertamente sobre o tema.

Quais são os sinais que devem levar uma mulher a procurar um médico?

Além do nódulo, sinais como alteração no formato ou cor da mama, secreção espontânea do mamilo, pele com aspecto de "casca de laranja", inchaço ou dor persistente devem ser investigados. Muitas vezes, o câncer triplo negativo não forma um nódulo fácil de sentir — por isso, mamografias anuais, a partir dos 40 anos (ou antes se houver histórico familiar), são essenciais. O diagnóstico precoce pode dobrar as chances de cura.

Por que o Outubro Rosa é tão importante no Brasil?

No Brasil, o câncer de mama é o segundo mais comum entre mulheres, atrás apenas do de pele não melanoma. Cerca de 66 mil novos casos são estimados por ano, e metade deles é diagnosticada em estágios avançados. O Outubro Rosa, que mobiliza hospitais, empresas e mídia desde 2002, tem como meta reduzir essa taxa de diagnóstico tardio. Campanhas como a de Roseana amplificam esse esforço, transformando conscientização em ação real.