
Na tarde de segunda-feira, 6 de outubro de 2025, o Palmeiras não apenas comemorou uma virada épica no clássico contra o São Paulo FC — fez uma declaração de guerra. Não contra os jogadores, nem contra o técnico. Mas contra o que chamou de "pressão descomunal" exercida por outros clubes nos bastidores do futebol brasileiro. A vitória por 3 a 2, no Estádio do Morumbi, foi mais que um ponto conquistado na 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. Foi o gatilho para uma nota oficial que ecoou como um alerta: o caos está sendo armado, e eles não vão ficar calados.
Uma virada que gerou caos — e acusações
No domingo, 5 de outubro, o Palmeiras estava perdendo por 2 a 0 contra o São Paulo. Aos 71 minutos, tudo mudou. Três gols em 19 minutos. O time de Abel Ferreira, sem seus principais titulares na reta final, sacou força de onde ninguém esperava. Mas a festa foi imediatamente envolta em polêmica. O árbitro Ramon Abatti Abel, de Santa Catarina, foi alvo de críticas de ambos os lados. O São Paulo reclamou de um possível pênalti não marcado contra Lucas Tapia, após uma entrada dura na área. Já o Palmeiras apontou para o que chamou de "hipocrisia" no jogo: a não expulsão do volante Bobadilla e, principalmente, do zagueiro Alan Franco, que, segundo o clube, desferiu uma cotovelada no rosto do atacante Ramón Sosa — lance ignorado pelo VAR, segundo a nota oficial."É demasiado cômodo creditar tudo ao árbitro"
A nota do Palmeiras, publicada em suas redes e enviada à imprensa, foi dura. "É demasiado cômodo creditar a uma decisão do árbitro — e somente a ela — uma virada épica, conquistada com o gosto do suor e três gols anotados em um intervalo de 19 minutos." O texto, assinado pela diretoria institucional, não citou nomes, mas o recado era claro: clubes como o São Paulo FC e o Flamengo — cujo diretor de futebol, José Boto, já havia criticado publicamente a atuação de Abel — estariam usando a arbitragem como desculpa para esconder fracassos e pressionar entidades. O clube ainda acusou alguns dirigentes de "criar narrativas que tentam macular o competente trabalho realizado pela nossa instituição". E foi além: "Compreendemos que o crescimento coletivo da nossa indústria exige renúncias, espírito de colaboração e o fim do egoísmo que, lamentavelmente, ainda norteia a conduta de dirigentes que ora apelam à gritaria, ora recorrem a acusações sem provas para justificar resultados negativos."
Arbitragem sob fogo: Abel afastado, STJD em alerta
Menos de 24 horas após o jogo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou o afastamento temporário de Ramon Abatti Abel de novas designações. A medida, embora não tenha sido formalmente vinculada à partida, foi interpretada como uma resposta à pressão. O caso já foi encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O Palmeiras pediu, expressamente, que o tribunal atue com "energia" contra clubes que fazem acusações sem provas — um sinal claro de que uma punição pode vir. O São Paulo, por sua vez, manteve silêncio institucional, mas torcedores e jornalistas ligados ao clube continuaram a questionar a atuação do árbitro nas redes sociais. O Flamengo, mesmo não tendo jogado na rodada, usou o momento para reforçar sua crítica ao sistema arbitral, dizendo que "a credibilidade do futebol brasileiro está em risco".Um clube em alta — e com sete jogadores fora
O comunicado do Palmeiras chega em um momento crítico. O time lidera o Campeonato Brasileiro com 61 pontos, apenas um a mais que o Corinthians. Mas a próxima rodada promete ser ainda mais desafiadora: confronto contra o Juventude, em Caxias do Sul, com sete jogadores indisponíveis por causa da Data Fifa. Ainda assim, a diretoria parece mais preocupada com o jogo político do que com o técnico. "Previsão da semana é de chuva", postou o clube nas redes — uma alusão sutil ao São Paulo, que vive um período de instabilidade e tem sido alvo de críticas por sua atuação no campeonato.
Profissionalização dos árbitros: a saída que o Palmeiras quer
Curiosamente, o Palmeiras não é contra a arbitragem. Pelo contrário. Na mesma nota, o clube afirmou ser "amplamente favorável à profissionalização dos árbitros e defende mais investimentos em tecnologia e na formação da categoria". É um movimento inteligente: ao invés de atacar os árbitros, ataca quem os usa como bode expiatório. O objetivo? Mudar o sistema, não apenas a decisão de uma partida. A verdade é que o futebol brasileiro vive um momento de tensão sem precedentes. A cada rodada, uma nova polêmica. A cada vitória, uma nova acusação. E o Palmeiras, que há anos foi acusado de "privilegiar o sistema", agora se coloca como defensor da ordem. Será que isso é genuíno? Ou apenas estratégia para manter a liderança? O tempo dirá. Mas uma coisa é certa: o jogo fora de campo está ficando mais quente que o dentro dele.Frequently Asked Questions
Por que o Palmeiras se sentiu obrigado a emitir essa nota?
O Palmeiras alega que a pressão pública e nos bastidores de rivais como São Paulo FC e Flamengo, após a vitória polêmica, foi excessiva e intencional, visando minar a credibilidade do clube e influenciar decisões da CBF e STJD. A nota foi uma resposta direta a acusações sem provas e ao uso da arbitragem como desculpa para resultados negativos.
O que aconteceu com o árbitro Ramon Abatti Abel após a partida?
Após a polêmica no clássico, a CBF afastou temporariamente Ramon Abatti Abel de novas designações, embora não tenha anunciado punição formal. O afastamento foi interpretado como medida preventiva diante da pressão dos clubes e da intensa cobertura midiática, mas a CBF ainda não divulgou os motivos técnicos por trás da decisão.
O STJD já começou a investigar as acusações?
Sim. O STJD recebeu ofícios do Palmeiras solicitando apuração de acusações feitas por dirigentes de outros clubes. Embora ainda não tenha aberto processo formal, fontes internas confirmam que o tribunal está reunindo gravações, áudios e mensagens de redes sociais para identificar possíveis infrações disciplinares por "agressão moral e tentativa de coação".
Como a situação afeta o Campeonato Brasileiro 2025?
A crise de confiança na arbitragem pode desestabilizar o campeonato. Com o Palmeiras na liderança e o Corinthians pressionando, qualquer decisão polêmica pode ser usada como justificativa para contestar a classificação. Se o STJD não agir com transparência, clubes menores podem perder a confiança no sistema, e a disputa pode se tornar mais política que esportiva.
O que o Palmeiras propõe para resolver o problema da arbitragem?
O clube defende a profissionalização dos árbitros, com salários dignos, treinamento contínuo, uso de tecnologia avançada e independência administrativa da CBF. Também pede a criação de um canal de feedback anônimo para clubes e torcedores, sem acusações públicas, para melhorar a qualidade das decisões sem criar clima de insegurança.
Por que o Palmeiras usou a frase "Previsão da semana é de chuva"?
A frase é uma alusão irônica ao São Paulo FC, cujo estádio, o Morumbi, é frequentemente criticado por ser "um caldeirão de chuva" — um lugar onde o clima e a pressão afetam o desempenho dos visitantes. Ao postar isso, o Palmeiras sinalizou que não se abala com críticas e que, mesmo com sete jogadores ausentes, está confiante para enfrentar o Juventude.