Um forte terremoto de magnitude 7,8 sacudiu a Passagem de Drake na sexta‑feira, 10 de outubro de 2025, às 17h29 (horário de Santiago). O Centro Sismológico Nacional do Chile registrou o epicentro a 263 km a noroeste da base Presidente Frei, na Ilha Rei George, Península Antártica, com profundidade de 10 km. Pouco depois, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) divulgou sua própria análise, apontando magnitude 7,6, revelando pequenas diferenças técnicas entre as duas agências.
Contexto tectônico da região
A Passagem de Drake serve como fronteira entre as placas tectônicas Sul‑Americana e Antártica. Essa zona de falha transformante tem histórico de movimentos bruscos, mas a baixa densidade populacional costuma limitar os danos humanos. Nos últimos dez anos, já foram registrados três sismos acima de magnitude 7,0 na área, segundo o boletim técnico 2025‑283 do CSN. O que torna esse ponto ainda mais crítico é a combinação de correntes marítimas fortes e ventos intensos, que podem amortecer ou, em casos raros, amplificar ondas geradas por terremotos.
Detalhes do terremoto de 10 de outubro
O tremor ocorreu a 55,550° S e 65,850° W, coordenadas incluídas no catálogo mundial do USGS sob o identificador "us7000n3qz". A magnitude de 7,8 anunciada pelo CSN foi calculada a partir de um conjunto de 56 estações sísmicas espalhadas ao longo da costa chilena e das bases antárticas. O sinal chegou aos sensores da base Presidente Frei em menos de 30 segundos, desencadeando protocolos de emergência.
Segundo um porta‑voz do CSN, “a profundidade de 10 km indica que o terremoto foi relativamente raso, o que geralmente aumenta o risco de gerar tsunami, mas a topografia submarina da região acabou mitigando o efeito”. Ainda assim, a equipe do CSN manteve a vigilância constante, pois réplicas menores podem surgir nos dias seguintes.
Alertas de tsunami e a resposta das autoridades chilenas
Quinze minutos após o abalo, o Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico, com sede em Honolulu, divulgou um alerta preliminar para as bases militares chilenas de Prat e O'Higgins, bem como para o Cabo Horn, extremo sul da Terra do Fogo. O comunicado de 17h45 informou que as ondas poderiam atingir até 0,5 m nas áreas costeiras mais vulneráveis.
Paralelamente, a SHOA (Servicio Hidrográfico y Oceanográfico de la Armada de Chile) ativou sua rede de mareógrafos ao longo da costa chilena e nas instalações antárticas. Os sensores mostraram variações mínimas no nível do mar, levando à decisão de cancelar o alerta por volta das 18h30, após avaliação de que a profundidade e o forte vendaval da Passagem de Drake dificultariam a formação de um tsunami significativo.
Um oficial da SHOA explicou: “A energia sísmica se dissipou rapidamente nas águas profundas; nenhum modelo indicou risco concreto para a população ou para nossas bases”.
Impactos e riscos para as bases antárticas
A base Presidente Frei, administrada integralmente pela Força Aérea do Chile, não registrou danos estruturais. Os aviões de apoio continuaram operando normalmente, e a equipe de controle de tráfego aéreo manteve todos os voos sob monitoramento. Nas bases Prat e O'Higgins, situadas em áreas mais expostas, os alarmes de tsunami foram acionados, porém, graças à rápida comunicação da SHOA, nenhuma evacuação foi necessária.
O Cabo Horn, conhecido por suas condições climáticas extremas, também ficou sob observação. Embora o alerta tenha incluído o ponto, o ritmo das ondas registrou apenas pequenas elevações, insuficientes para gerar incêndios costeiros ou inundações.
Perspectivas e monitoramento futuro
O CSN alertou que réplicas de magnitude inferior a 5,0 podem ocorrer até o final da semana, mas que o risco de novos eventos acima de 6,0 permanece baixo. As estações sísmicas da Antártida e da costa chilena continuarão enviando dados em tempo real para o centro de análise em Santiago.
Especialistas da Universidade de Chile destacam que a combinação de tectônica de placas e a dinâmica oceânica da Passagem de Drake cria um cenário único para estudos de sismologia profunda. "Eventos como este nos dão uma janela para entender como as falhas transformantes interagem com a crosta oceânica", disse a professora Ana López, professora do Departamento de Geofísica.
Enquanto isso, a comunidade internacional de monitoramento sísmico continua a comparar as avaliações do CSN e do USGS, buscando harmonizar metodologias de cálculo de magnitude em áreas remotas. A cooperação entre o Chile e os Estados Unidos tem sido citada como exemplo de boas práticas em resposta a desastres naturais.
Perguntas Frequentes
Qual a probabilidade de um tsunami atingir as bases antárticas após o terremoto?
A avaliação conjunta da SHOA e do Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico concluiu que a profundidade de 10 km e as correntes fortes da Passagem de Drake reduziram drasticamente a chance de ondas relevantes. O nível do mar variou menos de 0,2 m nas estações próximas, o que justificou o cancelamento do alerta.
Por que o USGS registrou magnitude 7,6 e não 7,8?
Diferenças surgem das técnicas de cálculo usadas por cada agência. O USGS emprega um modelo que prioriza a amplitude das ondas de superfície, enquanto o CSN combina dados de sensores locais e da rede antártica, produzindo um valor levemente superior.
Quais são os próximos passos dos monitoramentos sísmicos na região?
O CSN manterá a operação das estações de observação 24 horas por dia, analisando possíveis réplicas e atualizando avisos de tsunami a cada hora. Simultaneamente, o USGS atualizará seu catálogo global e divulgará relatórios técnicos nas próximas semanas.
Como esse terremoto se compara a eventos passados na Passagem de Drake?
É o terceiro sismo acima de magnitude 7,0 registrado nos últimos dez anos na zona. O mais forte foi o de magnitude 7,9 em 2016, que também gerou alertas de tsunami que foram rapidamente anulados por condições semelhantes.
O que os residentes da região costeira do Chile devem observar?
Até o momento, não há ameaças imediatas. Ainda assim, as autoridades recomendam que a população mantenha atenção aos avisos emitidos pelos serviços de proteção civil e evite áreas baixas se houver qualquer mudança nos níveis do mar.
Comentários (1)
Carlyle Nascimento Campos
Uau, que tremor impressionante!!! A magnitude 7,8 agitou a Passagem de Drake e, felizmente, as bases chilenas parecem estar bem protegidas; ainda assim, é importante reforçar os protocolos de evacuação, porque situações assim podem mudar num piscar de olhos!!! Se alguém precisar de orientações sobre como monitorar alertas de tsunami, estou aqui para ajudar. 🚀